Se fosse um computador, Portugal só funcionaria com dois programas. O primeiro permite-lhe colocar-se em modo de sono, numa falsa passividade que tem por mérito conseguir adormecer o adversário e, provavelmente, entediar o público. Temos pena, paciência...
Foi este o programa utilizado por toda a primeira parte. Se bem estão lembrados, nos primeiros 45 minutos, para Portugal, tanto fazia estar na baliza checa Petr Cech, um dos melhores guarda--redes do mundo, como um frangueiro qualquer. É que por toda a primeira parte a nossa Selecção nem se preocupou em rematar à baliza, excepção feita a uma bola mandada ao poste por Cristiano Ronaldo, mesmo à beirinha do intervalo. Mas poste não é baliza, pois não?
Os checos ficaram felizes com a primeira metade do jogo. Não é que alguma vez tenham causado perigo, mas a verdade é que tiveram tempo para trocar a bola entre si e, porventura, convenceram-se de que a vitória poderia acontecer. No entanto, desconvenceram-se rapidamente assim que o árbitro apitou para a segunda parte.
Paulo Bento carregou no botão de arranque do segundo programa que tem disponível no seu modesto mas altamente funcional computador e a Selecção jogou no modo que tem vindo a empregar sempre que verifica concluído o processo de adormecimento do adversário. Foi o que sucedeu. Não se pense que é uma coisa altamente veloz com desconcertantes variações de flanco e muita profundidade. Não, nada disso. Trata-se apenas de um futebolzinho curto mas muito bem formatado, com mudanças de velocidade, mas só de vez em quando.
O resto é com Cristiano Ronaldo. Ronaldo que é um faz--tudo lá na frente. Marca golos, atira ao poste, atira por cima e atira ao lado, serve os companheiros e nunca se despenteia. É uma espécie de Action Man de brincar. Mas a sério.