Não há quem ignore o peso do futebol e das coisinhas do futebol no nosso país. É uma realidade que pode chocar os espíritos mais sensíveis às altas questões com que a humanidade se debate e menos sensíveis aos temas folclóricos, mas lá que é uma realidade, é. Se, por qualquer espécie de intervenção divina, desaparecesse o jogo da bola do quadro das preocupações nacionais do que falariam os portugueses de manhã até à noite? De hóquei em patins? Talvez. De golfe não seria certamente. E ainda bem porque dá calafrios só de imaginar nove milhões de portugueses munidos de nove milhões de tacos de golfe. A verdade é que, na sua importância mundana, o futebol cria as suas regras muito próprias de conduta, cria pessoas importantes, elites e cria, também, os seus proscritos.
O mais esclarecedor exemplo do comportamento social do ‘país do futebol’ dentro do ‘país a sério’ que é Portugal foi-nos fornecido esta semana por Elma Aveiro, que é a irmã mais velha de Cristiano Ronaldo, que, por sua vez, é o capitão da seleção nacional e o mais laureado de todos os futebolistas portugueses em mais de um século de bola. De acordo com a irmã deve o irmão estar acima de tudo o que é exigível por lei aos cidadãos comuns por dever da nação em expressar a sua gratidão ao homem que já trouxe cinco Bolas de Ouro para Portugal. Elma Aveiro sente de tal maneira entranhado no seu ser que pertence à realeza da república que considera um escândalo a PSP ter multado e rebocado o Rolls-Royce da família real dos Aveiros por estar estacionado numa paragem de táxis no centro de Lisboa. “Triste país o nosso”, protestou Elma numa qualquer rede social contra a não discriminação das práticas civilizacionais que são atributo exclusivo dos heróis. Tivesse Cristiano Ronaldo trazido para Portugal não cinco, mas dez Bolas de Ouro e, segundo as leis da Elmolândia, poderia estacionar o seu Rolls-Royce na nave central do Mosteiro dos Jerónimos ou na Sala do Capítulo do Mosteiro da Batalha e o que tínhamos mais era de agradecer. Vivemos, contudo, num regime democrático. Quem quiser viver na Elmolândia faça o favor de se inscrever.
Temos, também, no nosso país a Pintolândia que é o país alternativo e com as suas leis próprias onde reina o presidente do FC Porto vai para quatro décadas. Esta semana, defendendo um negócio recente que fez com o presidente do Sporting de Braga e que motivou acesa discussão em fóruns civis, afirmou sem rodeios que “quem não é sério vê maldade em tudo”. Esta frase bem podia ser o lema sagrado da Pintolândia e inscrita em letras douradas logo na abertura da Constituição da Pintolândia de modo a celebrar o regime da dita Pintolândia e a receber de braços abertos todos os que queiram lá viver. Já foram mais, é verdade.n
O presidente do Sp. Braga é uma das figuras maiores deste defeso, sabendo imiscuir-se com proveito próprio nas guerras de mercado entre Benfica e FC Porto.n
FUTURO PROMISSOR
A caminho dos 23 anos, o ex-Barcelona chega ao Sporting pela mão de Rúben Amorim, que o lançou em Braga e que tem agora para ele projetos de outra dimensão.n
ESTA FRASE – QUEM NÃO É SÉRIO VÊ MALDADE EM TUDO – PODIA SER O LEMA DA PINTOLÂNDIA
MISTÉRIOS DO FUTEBOL
Inesperadamente, o treinador do Vitória de Guimarães deixou de ser o treinador do Vitória de Guimarães a poucos dias da abertura da temporada oficial. Porquê?