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domingo, 29 de janeiro de 2023

"Um dia de dados", uma crónica do jornalista Ricardo Garcia

 

Acabo de acordar, são 7h15. Estou pronto para uma jornada de zelo pelos meus dados pessoais. Quem me despertou foi o telemóvel. Neste contacto matinal com a tecnologia, sinto-me imediatamente vigiado. O capitalismo selvagem é tudo menos tonto, e a aplicação que me acorda não desperdiçará a colossal oportunidade de arquivar as horas a que me levanto.

Tomo um banho, o sabonete está quase no fim. Penso no dia em que um chip não haverá de remediar tais situações, encomendando automaticamente o produto em falta. Então, até as nossas abluções matinais entregaremos ao conhecimento público – com maior ou menor detalhe, conforme a precisão do localizador do chip.

Minha mulher está a bordo de um avião, a caminho de outro hemisfério. Recorro novamente ao smartphone, que me informa a latitude e longitude em que ela está, a velocidade da aeronave, seu rumo e altitude. A app me hipnotiza, não a consigo largar, até que ouço mentalmente uma ordem conjugal: “Para de bisbilhotar e põe-te a mexer!”

Meto a cafeteira no lume, são 8:15. Quando estiver em pleno a Internet das Coisas – um estado de dependência perante as máquinas com o qual alguém irá ganhar dinheiro –, um computador tratará de pôr o café em marcha, de ligar a máquina da loiça, de recolher os estores, de apagar as luzes, de trancar as portas, de abrir o carro. E tudo isso será comunicado a alguém, algures, capaz de “melhor a nossa experiência”.

Agora trato dos pratos. Abro a torneira quente e um magnífico contador digital avisa-me que estou a consumir energia. Examino-o: neste dia, já gastei 1,2 quilowatts-hora de eletricidade de 15,54 quilowatts-hora de gás. Não me diz absolutamente nada, mas ao fornecedor de energia sim. Com um ano de contador inteligente, a empresa sabe quanto tempo passo no banho, a que horas saio ou chego à casa, quando meto a roupa para lavar, se ligo ou não o aquecimento.

São 9:00 e, já na minha secretária, abro uma carta que chegara no dia anterior. É de uma universidade onde dei uma única aula. Pagaram-me quase o preço de uma bifana e ficaram com minha ficha completa: nome, morada, data de nascimento, documento de identificação, número de segurança social, foto tipo passe.

A manhã prossegue em intermináveis telefonemas e mensagens. Utilizo todos os modos gratuitos para me comunicar com o mundo: Skype, WhatsApp, Facetime, iMessage, Facebook, Twitter, Linkedin. Garantem-me todos, a pés juntos, que é tudo seguro, que o que eu disser ficará entre mim e meu interlocutor. Desculpem, mas não acredito.

Às 10:30, já estou plenamente fundido com o computador, somos um organismo só. Constato que me esqueci de fazer um backup do meu trabalho do dia anterior. A aplicação que uso para tal avisa que está desatualizada. Ao contrário dos humanos, a tecnologia exibe essa virtude: não se importa de anunciar que já passou do prazo.

Procedo à instalação da nova versão e penetro num território obscuro, onde prospera a congénita ineficácia das mensagens de alerta. A primeira que surge no ecrã pergunta-me: “Autoriza que este ficheiro faça alterações no seu computador?”. Não tenho escolha, preciso daquela aplicação. Sinto-me como um enfermo agonizante à entrada do bloco operatório, e um funcionário hospitalar com uma caneta não mão a perguntar-me: “Autoriza que o médico faça alterações no seu abdómen?”

Segue-se um momento literário: o contrato de licença. Sou logo avisado de que devo ler tudo, do princípio ao fim. Mas o índice é de uma impenetrabilidade marmórea: A) GNU General Public License; B) cURL License; C) libshh2 License; D) OpenSSL and SSLeay Licence. Passo direto ao botão “ok” e aceito tudo de olhos fechados. Não faço a menor ideia do que estou a consentir.

São 13:00 e acaba de ser divulgado um relatório internacional de que estava à espera. Tento descarregá-lo. É preciso antes fazer um registo. Pedem-me o nome, endereço de e-mail, dados profissionais. Crio uma palavra-passe ao calhas, da qual já não me lembrarei amanhã. Sei, no entanto, que a senha estará lá, algures nos interstícios da Internet, pronta a ser pirateada.

Almoço à frente do computador e aproveito para ver meu correio eletrónico. Está inundado de pedidos de consentimento explícito. O quê? Sites de encontros? Não, é o novo regulamento europeu sobre a proteção de dados, que obriga as empresas a nos pedirem autorização para fazer o que sempre fizeram sem nos pedir autorização: recolher, armazenar e processar fragmentos das nossas vidas privadas na expectativa de os monetizar.

Examino alguns pedidos, resolvo investigar o de alguém que não me conhece mas me trata por tu: Mark Zuckerberg. No labirinto de explicações pelo qual sou conduzido, fico a saber, por exemplo, que o Facebook recolhe, junto ao que chama de “parceiros”, informações sobre minhas atividades online e offline, como “comprar um capacete numa loja de bicicletas”. Imagino-me na loja, a tentar exercer o direito à minha privacidade cefálica: “Desculpe, meu amigo, mas está proibido de dizer ao Zuckerberg que comprei um capacete viking com tranças e um bigode do Asterix”.

Já são quase três da tarde e não faço outra coisa senão consentir, aceitar, autorizar já nem sei o quê. Perco a paciência com a clássica mensagem “este site utiliza cookies para melhorar a sua experiência”, carrego automaticamente em sim a tudo. A nova lei de Bruxelas não conta, por certo, com o efeito da banalidade.

Preciso enviar um e-mail importante, são 16:15. Começo a escrever o endereço do recipiente, aparecem vários contactos com nomes semelhantes, pessoas com quem um dia já me comuniquei. Por engano, encaminho a mensagem a quem não devia. Em desespero, envio o clássico e-mail corretivo, pedindo para que a mensagem anterior seja desconsiderada – uma tentativa patética, que mais não faz do que aguçar a coscuvilhice alheia.

Meu trabalho complica-se. Tenho uma série de documentos em holandês para ler, recorro a um tradutor automático. Espantosa aplicação, mas vejo que tem um “R” – sim, sou eu mesmo – lá num canto. Afinal, está conectada à minha conta de e-mail. E a minha conta de e-mail à minha cloud. E a minha cloud aos meus documentos. E os meus documentos à minha existência.

Começo a ficar paranoico. O relógio bate seis da tarde, uma notificação surge no computador e em dois telefones ao mesmo tempo: no dia seguinte, a esta hora, tenho uma consulta. Quantas pessoas mais não saberão disso? Já denoto a sintomatologia dos espiados, uma certa claustrofobia digital. Preciso sair, afastar-me da net, apanhar ar. Vou ao supermercado, sou recebido por uma câmara de vigilância bem à entrada. “Tem cartão de cliente?”, perguntam-me na caixa. Sim, está aqui, mas me arrependo de o dar. Remotamente, computadores analisam minha conduta comercial e concluem que desta vez não levei dois pacotes de sumo de laranja.

Volto para casa, o computador adormeceu e não quer acordar. Provido de vontade própria, resolve proceder a uma atualização. Demora uma eternidade, dez minutos depois ainda está a cinco por cento, sabe-se lá o que estarão a fazer na máquina. No final, sou requerido a autorizar tudo e mais alguma coisa: que eu seja localizado, que minha voz seja reconhecida, que minha câmara seja utilizada, que os dados da minha conta, meu histórico de navegação, meus contactos, meu calendário, minhas mensagens, minhas fotos, meus vídeos, que tudo seja partilhado.

O dia está a chegar ao fim, ainda tenho muito trabalho à frente. Hora ideal para me chatearem. Toca o telefone. O número é do Japão, mas estou em Londres. “Boa noite, temos a informação de que esteve envolvido num acidente rodoviário. Correto?”. Não, incorreto, deixem-me em paz. O correio eletrónico apita. É uma mensagem da Itália: Si prega di visitare il link di mantutenzione qui sotto… Vejo a palavra link e apago imediatamente.

Consulto um site de informação sobre cibersegurança e, a meio da leitura, surge um aviso a identificar meu IP e onde estou. “Se nós conseguimos saber isto, os outros sites por onde andas também conseguem”, alerta-me a mensagem, antes de oferecer um serviço qualquer.

Dói-me a cabeça e acredito, já em delírio, que tenho um vírus informático no cérebro. Mastigo qualquer coisa e passo a vista nos jornais na Internet. Passo mal dado, pois sei que estão a registar as notícias que consulto.

O dia não está a correr bem, vou encerrar a loja por hoje. Abro um jogo de paciência, para espairecer. Há muitos anos que não o faço, mas está tudo lá: quantas vezes joguei, quantas vitórias, qual o tempo médio. Quero que me esqueçam, mas não encontro maneira de apagar aquele rasto. Em vez disso, o jogo espeta-me com publicidade. Imagino que seja direcionada às minhas necessidades, ao que julgam que preciso, com base em dados pessoais que me terão usurpado. Para meu terror, o anúncio é de uma agência funerária.

É demais. Maldita a hora em que me dispus a monitorizar quem anda a recolher minha vida pessoal. Se bem que, depois de tudo o que escrevi, meu dia de hoje está todo aqui. Tanta preocupação, e afinal sou eu próprio a dar a ficha toda. Dá próxima, é melhor ficar calado.

O acordo ortográfico utilizado neste artigo foi definido pelo autor

A privacidade e a segurança “online”estiveram em debate no Fronteiras XXI no dia 25 de Julho na RTP3

Autor

Ricardo Garcia

Jornalista

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

As portas giratórias da “máquina” socialista

 

As portas giratórias da “máquina” socialista

História de Joana Morais Fonseca 

A sucessão de casos e das subsequentes demissões forçaram o primeiro-ministro a fazer “mexidas” sucessivas no Executivo. No espaço de dez meses, o XXIII Governo Constitucional – o terceiro liderado por António Costa, mas agora com maioria absoluta – conta já com mais de uma “mão cheia” de demissões, que já obrigaram a quatro remodelações (e está na calha mais uma para dar posse a quem vier a ocupar a secretaria de Estado da Agricultura). Apesar das alterações, o chefe de Governo tem escolhido vários membros ligados à “máquina” socialista, opção que tem suscitado algumas críticas, nomeadamente por parte da oposição.

Mas, afinal, qual o percurso dos governantes e ex-governantes que já passaram por este Executivo?

Desde cedo que António Costa está ligado à política, tendo-se filiado na Juventude Socialista (JS) com 14 anos. Na sua carreira política, conta com um vasto percurso autárquico, bem como governativo. Foi candidato à Câmara de Loures pelo PS em 1993 e presidente da Câmara Municipal de Lisboa entre 2013 e 2015. Além disso, foi secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, posteriormente, ministro dessa mesma tutela (até outubro de 1999) e ministro da Justiça nos governos de Guterres. Foi ainda ministro de Estado e da Administração Interna no primeiro governo de Sócrates, é secretário-geral do PS desde finais de 2014 e este já é o terceiro Executivo sob a sua liderança. Perante a iminência de um passar de pasta na liderança do Largo do Rato, Costa tem procurado manter junto a si as fações dos potenciais candidatos à liderança do PS.

Sob a sua chancela, António Costa conta com três secretários de Estado. António Mendonça Mendes, que era até então secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Fiscais e que foi “promovido” a secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, na sequência da saída de Miguel Alves. Licenciado em direito, Mendonça Mendes, é irmão da ministra Ana Catarina Mendes e também considerado um homem do aparelho socialista, tendo passado pela JS. Entre 1999 e 2002 foi assessor de Diogo Lacerda Machado (que era à época secretário de Estado da Justiça e que ficou conhecido também por ser o “melhor amigo” de Costa). Desempenhou também a função de chefe de gabinete da secretária de Estado dos Transportes entre 2005 e 2008, liderada por Ana Paula Vitorino, e 2009 e 2011, foi chefe de gabinete de Ana Jorge, ministra da Saúde no segundo Governo de Sócrates.

Mendonça Mendes veio, deste modo, substituir Miguel Alves, que se demitiu por ser acusado do crime de prevaricação pelo Ministério Público no âmbito de um processo que nasceu da Operação Teia. Miguel Alves foi adjunto de António Costa quando este era presidente da CML (entre agosto de 2007 e outubro de 2009) e também enquanto este era ministro de Estado e da Administração Interna (entre janeiro de 2006 e maio de 2007). Era presidente da Câmara Municipal de Caminha desde 2013 até ser convidado para adjunto de Costa e foi também presidente da Federação do PS em Viana do Castelo, cujo cargo também renunciou na sequência da investigação do MP.

Por sua vez, Tiago Antunes, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, começou a carreira como advogado na PLMJ, mas rapidamente ingressou pela carreira política. Entre março de 2005 e 2009, foi adjunto do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro José Sócrates, tendo posteriormente e até junho de 2011 sido “promovido” a chefe de gabinete. Entre 2016 e 2017, foi assistente parlamentar acreditado no Parlamento Europeu, tendo depois regressado ao Governo: no primeiro Governo de Costa foi secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros e no segundo Governo foi secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro.

E do gabinete do primeiro-ministro para o Ministério da Presidência, Mariana Vieira da Silva começou como assessora da então ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, no primeiro Governo de José Sócrates (entre 2005 e 2009), passando depois para adjunta do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, função que desempenhou em 2011. Além disso, a atual ministra de Estado e da Presidência e apontada como uma putativa candidata à liderança do PS foi ainda secretária de Estado Adjunta do primeiro Governo liderado por António Costa, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2019.

No atual Governo, a filha do antigo ministro da Segurança Social tem sob a sua tutela três secretários de Estado, dois dos quais bastante ligados ao partido. André Moz Caldas, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, foi presidente da Junta de Freguesia de Alvalade, entre 2013 e 2018 (sendo que entre 2015 e 2018 ocupou o cargo em regime de não permanência), pelo PS, e entre 2015 e 2019 foi também chefe de gabinete de Mário Centeno, à época ministro das Finanças.

 Inês Ramires, secretária de Estado da Administração Pública, iniciou-se na máquina partidária do PS como consultora do Centro Jurídico da Presidência do Conselho de Ministros entre novembro de 2006 e agosto de 2007, passando nesse mês e até junho de 2008 para adjunta e assessora do gabinete do secretário de Estado da Administração Pública até junho de 2011, isto é, nos dois governos de José Sócrates. Posteriormente, entre novembro de 2015 e outubro de 2019, foi chefe do gabinete do ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues, já no primeiro Governo de António Costa. No anterior governo foi ainda secretária de Estado da Educação, tal como revela na sua página de LinkedIn. Com a tomada de posse do novo Executivo, a 30 de março de 2022, Inês Ramires transitou para secretária de Estado da Administração Pública.

No Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), João Gomes Cravinho iniciou-se nas lides políticas como secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, nos XVII e XVIII Governos Constitucionais, entre março de 2005 e junho de 2011. O filho do histórico socialista Joõa Cravinho, fez uma pausa nas funções executivas para ser embaixador da União Europeia no Brasil e na Índia. Contudo, regressou a Lisboa em outubro 2018 para chefiar o Ministério da Defesa, sendo que transitou posteriormente para o MNE no atual Executivo.

A par com o primeiro-ministro e com a ministra da Presidência, o diplomata e académico tem sob a sua tutela três secretarias de Estado, sendo que também aqui o percurso dos secretários de Estado está ligado ao PS. Licenciado em Direito, Francisco André, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, foi, entre 2005 e 2008, chefe do gabinete do secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros Jorge Lacão, bem como chefe de gabinete de António Costa entre outubro de 2018 e 2020. Posteriormente, foi “promovido” a secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, função que ocupou até ao final no anterior Governo de Costa.

Por sua vez, Paulo Cafôfo teve um percurso um pouco diferente. O atual secretário de Estado das Comunidades Portuguesas foi eleito presidente da Câmara Municipal do Funchal em setembro de 2013, tendo concorrido como cabeça de lista independente pela coligação Mudança. Nas eleições seguintes, Cafôfo foi reeleito para a Câmara do Funchal pela coligação Confiança e, desta vez, indicado pelo PS. Em junho de 2019, o então autarca renunciou ao mandato para ser o candidato indicado pelos socialistas à presidência do Governo Regional da Madeira, mas perdeu as eleições. Foi ainda deputado da Assembleia Legislativa da Madeira e é atualmente Presidente do PS da Madeira.

Outro dos exemplos flagrantes diz respeito a José Luís Carneiro. O ministro da Administração Interna conta no seu currículo com vários cargos ligados ao PS, tendo sido, por exemplo, chefe de gabinete do grupo parlamentar do PS, presidente da Federação Distrital do Porto do PS, presidente da Associação Nacional dos Autarcas Socialistas e secretário-geral adjunto do PS, entre outros. Também a secretária de Estado da Administração Interna Isabel Oneto integra há vários anos funções ligadas ao PS, tendo sido eleita deputada em quatro legislaturas pelo círculo do Porto, bem como vereadora Câmara Municipal do Porto.

Nas Finanças, Fernando Medina tem um longo percurso ligado ao PS. Foi assessor para a Educação e assessor para os Assuntos Económicos do Governo de António Guterres, secretário de Estado do Emprego e Formação Profissional no Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social no primeiro Governo de Sócrates e, posteriormente, secretário de Estado da Indústria e do Desenvolvimento no Ministério da Economia. Foi também presidente da CML, vice-presidente do grupo parlamentar do PS e é atualmente apontado como uns dos eventuais sucessores de Costa à liderança do partido.

No gabinete de Fernando Medina, Nuno Félix — ex-subdiretor da Autoridade Tributária e que ficou na pasta ocupada por António Mendonça Mendes como secretário de Estado dos Assuntos Fiscais — iniciou a sua atividade profissional na advocacia, em outubro de 2008, sendo que dois anos depois ingressou na carreira diplomática, tendo trabalhado para o Ministério de Estrangeiros até agosto de 2013. Foi ainda adjunto, com funções de substituição, do chefe do gabinete, no gabinete do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais entre 2015 e 2017 e posteriormente chefe de gabinete de António Mendonça Mendes.

A par de Mariana Vieira da Silva e de Fernando Medina também Ana Catarina Mendes é apontada como “delfim” de Costa. Ao contrário deste dois, a atual ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares só agora assume funções executivas, tendo dado a “cara” pelo partido durante vários anos na Assembleia da República e sido inclusivamente presidente do grupo parlamentar do partido. No seu gabinete, a ministra conta com João Paulo Correia. O atual secretário de Estado da Juventude e do Desporto foi assessor e chefe de gabinete de Ana Paula Vitorino (na época secretária de Estado dos Transportes), deputado na Assembleia da República, adjunto do presidente da Câmara Municipal de Matosinhos e vice-presidente do grupo parlamentar do PS.

Também o ministro da Saúde Manuel Pizarro — que substituiu Marta Temido, que se demitiu a 30 de agosto — tem uma longa carreira política, tendo sido secretário de Estado da Saúde entre 2008 e 2009 e secretário de Estado Adjunto e da Saúde nos dois anos seguintes. Licenciado em medicina e com especialidade em medicina interna, foi ainda presidente da distrital do PS do Porto, chegou a ser candidato à Câmara Municipal do Porto e foi também eurodeputado.

E da Saúde para o Ambiente, Duarte Cordeiro iniciou-se no círculo socialista da Juventude Socialista (JS), tendo chegado a secretário-geral da JS. Foi durante vários anos deputado no Parlamento, vice-presidente da CML quando Fernando Medina liderava a autarquia. Mas foi nos governos de Costa que ganhou relevo, tendo sido secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro e dos Assuntos Parlamentares no primeiro Governo de Costa, passou a secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares no segundo Governo de Costa e atualmente é ministro do Ambiente e da Ação Climática.

Ainda pelo Ministério do Ambiente e tal como Duarte Cordeiro, Hugo Polido Pires deu os primeiros passos na política na JS, tendo sido presidente da distrital de Braga, tal como escreveu o Público. O atual secretário de Estado do Ambiente é deputado na Assembleia da República, tem exercido as funções de vice-presidente da bancada desde 2019 com as áreas do ambiente e energia, foi co-autor da Lei de Bases do Clima e coordenador do grupo de trabalho que criou a Lei de Bases da Habitação. Teve ainda uma passagem pela Câmara Municipal de Braga.

Também Pedro Nuno Santos conta com um vasto percurso no PS. Tal como Costa e Duarte Cordeiro, fez parte da JS e foi secretário-geral deste organismo 2004 e 2008. No período de liderança de António José Seguro, entre 2011 e 2014, fez parte do chamado grupo dos “jovens turcos”, juntamente com João Galamba, Pedro Delgado Alves e Duarte Cordeiro. Ocupou ainda funções como presidente da Federação de Aveiro do PS, deputado e vice-presidente do grupo parlamentar do PS. Mas foi no primeiro Governo de António Costa que se destacou, tendo sido um dos principais impulsionares da “geringonça” quando era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares. Posteriormente foi “promovido” a ministro das Infraestruturas e da Habitação, função que desempenhou até se demitir na sequência da polémica em torno da indemnização de 500 mil euros paga pela TAP a Alexandra Reis.

Na sequência deste caso também Hugo Mendes se demitiu, já que tinha dado o seu aval ao acordo, uma vez que “não viu incompatibilidades” na solução encontrada. O antigo secretário de Estado das Infraestruturas estava há vários anos ao lado de Pedro Nuno Santos (não só neste Ministério, mas também na secretaria de Assuntos Parlamentares) e também conta com uma vasta carreira ligado ao PS. Foi assessor da ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, entre 2006 e 2009, transitando posteriormente para adjunto do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, José Almeida Ribeiro, entre 2009 e 2011. Além disso, foi também assessor do grupo parlamentar do PS, na Assembleia da República, e em especial na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública. Foi também secretário de Estado Adjunto e das Comunicações no segundo Governo de Costa.

Com a saída de Pedro Nuno Santos, o Ministério das Infraestruturas e da Habitação dividiu-se em dois. Para tutelar as Infraestruturas, o primeiro-ministro escolheu João Galamba. Pertencente à ala mais à esquerda do PS, o novo governante chegou ao Parlamento em 2009 permanecendo no hemiciclo nos dez anos seguintes, tendo sido coordenador dos deputados do PS na comissão de Orçamento e Finanças e vice-presidente do grupo parlamentar socialista. Neste governo, antes da demissão de Pedro Nuno Santos era secretário de Estado Adjunto e da Energia.

Frederico Francisco, novo secretário de Estado das Infraestruturas, pode também ser considerado como um “delfim” do ex-ministro das Infraestruturas, dado que acompanhava ou representava Pedro Nuno Santos em todas as iniciativas ligadas à ferrovia nos últimos anos. O físico com mestrado em engenheira aeroespacial estava na esfera na tutela do ex-ministro desde novembro de 2019, quando foi nomeado técnico especialista do seu gabinete. Em paralelo, era professor auxiliar convidado na Faculdade de Ciência da Universidade do Porto.

Também Marina Gonçalves tem uma carreira política ligada a Pedro Nuno Santos. A nova ministra da Habitação começou a sua carreira na área da advocacia, mas em 2015 entrou no Governo como assessora do gabinete de Pedro Nuno Santos (quando este era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares), sendo que nessa altura foi também assessora do grupo parlamentar socialista (e anos mais tarde chegou a vice-presidente). Posteriormente, entre março de 2018 e outubro de 2019, foi “promovida” a chefe de gabinete de Pedro Nuno Santos (quer quando este estava nos Assuntos Parlamentares como quando transitou para ministro das Infraestruturas e da Habitação). Já neste novo Governo era secretária de Estado da Habitação.

Já Teresa Coelho, secretária de Estado das Pescas, começou o seu percurso político como adjunta e chefe de gabinete do secretário de Estado das Pescas José Apolinário (de 1996 a 2002), foi adjunta do secretário de Estado da Administração Interna e da Proteção Civil (entre 2005 e 2008) e adjunta e chefe de gabinete do secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas no ano seguinte. Posteriormente e até voltar ao Governo desempenhou funções executivas em vários organismos ligados ao setor das Pescas.

Por sua vez, Carlos Miguel, secretário de Estado da Administração Local e Ordenamento do Território, foi entre 2004 e 2015 vereador e presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, sendo que posteriormente transitou para o Governo. No primeiro Governo liderado por Costa foi secretário de Estado das Autarquias Locais e no segundo governo passou para secretário de Estado Adjunto e do Desenvolvimento Regional.

As “zonas cinzentas”

Por outro lado, há alguns governantes, que, apesar de terem algum percurso político ligado ao PS têm uma longa carreira fora das lides políticas. É o caso de Bernardo Ivo Cruz, secretário de Estado da Internacionalização, que conta com 30 anos experiência em diversos setores, “incluindo nos serviços financeiros, Governo, setor público, empresas privadas, ensino superior, ONGs ou Organizações Internacionais, segundo descreve o próprio no LinkedIn.

Tal como Gomes Cravinho fez parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros no primeiro Governo liderado por José Sócrates como chefe de gabinete do então ministro Freitas do Amaral, tendo posteriormente subido a subsecretário de Estado adjunto do mesmo ministério durante mais sete meses. Além disso, entre setembro de 2020 e agosto de 2021 foi conselheiro da Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia, quando Portugal tinha a Presidência do Conselho.

Outra “zona cinzenta” diz respeito a Marco Capitão Ferreira, atual secretário de Estado da Defesa, que foi adjunto do Ministro da Defesa Nacional entre 2006 e 2011, mas tem um vasto currículo ligado ao setor, tendo sido, por exemplo, investigador do Instituto de Defesa Nacional, Presidente do Conselho de Administração da Naval Rocha e, mais recentemente, Presidente da Comissão Liquidatária da Empordef, SGPS e da ETI, S.A.

Por sua vez, Jorge Alves Costa, atual secretário de Estado Adjunto da Justiça, iniciou-se na política em 1996 como funções de adjunto do secretário da Estado da Justiça e foi ainda chefe de gabinete do Ministro da Justiça, em 1999, sendo que mais recentemente (entre 2015 e 2017) foi chefe de gabinete da ministra Constança Urbano de Sousa. Ainda assim, conta com uma carreira na Justiça, tendo sido membro do Conselho Superior do Ministério Público (MP), assessor no gabinete do MP no Tribunal Constitucional, etc.

 João Nuno Mendes, atualmente o número dois nas Finanças, foi assessor económico do gabinete de António Guterres, entre 1996 e 1999, passou para secretário de Estado do Planeamento no Governo seguinte, sendo que posteriormente passou pelo setor empresarial (Grupo Amorim e Águas de Portugal). Integrou ainda o anterior executivo como secretário de Estado das Finanças.

Por sua vez, Pedro Sousa Rodrigues — atual secretário de Estado do Tesouro e que veio substitui Alexandra Reis, que se demitiu na sequência do caso TAP — estava há dez meses na Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), antes de integrar este Executivo. Com uma carreira profissional feita maioritariamente no setor público, o atual secretário de Estado foi, durante cinco anos, adjunto secretário de Estado da Internacionalização — primeiro de Eurico Brilhante Dias e, mais recentemente, de Bernardo Ivo Cruz.

E das Finanças para a Economia, outra “zona cinzenta” diz respeito a João Neves, antigo secretário de Estado Adjunto e da Economia que foi afastado por divergências internas com Costa Silva. Apesar de uma longa carreira fora do Governo, chegou a ser chefe do gabinete do secretário de Estado da Indústria e, seguidamente, do Ministro da Economia de 1995 a 1997, diretor regional de Lisboa e Vale do Tejo do Ministério da Economia e chefe do gabinete do Ministro da Economia e da Inovação entre 2005 e 2007.

Já Ana Mendes Godinho iniciou a carreira consultora jurídica e inspetora do IDICT, tendo depois sido chefe do gabinete de Bernardo Trindade, quando este era secretário de Estado do Turismo. Trabalhou ainda para o Turismo de Portugal mas, em 2015, voltou para o Governo, desta vez como secretária de Estado do Turismo e em outubro de 2019 foi “promovida” a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, onde se mantém atualmente.

Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho, foi, durante dois anos, adjunto no gabinete do primeiro-ministro António Guterres com funções de assessoria social e, posteriormente, secretário de Estado da Juventude também nos governos de Guterres. Depois disso, dedicou-se ao setor empresarial, tendo passado pela MRB Holding S.G.P.S, AICEP ou Santa Casa da Misericórdia. Por sua vez, Gabriel Bastos, prestou assessoria gabinetes ministeriais no âmbito da Segurança Social e do Equipamento Social, tendo assumido as funções de chefe do gabinete do ministro do Trabalho e da Solidariedade Social, entre 2005 e 2007, no primeiro Governo de Sócrates, mas fez grande parte da carreira no Instituto da Segurança Social.

Percurso semelhante teve Ana Fontoura Gouveia, que na última remodelação foi “promovida” a secretária de Estado da Energia e do Clima. A economista e professora assistente de Finanças Públicas da Nova SBE passou por instituições de relevo até chegar ao Governo, nomeadamente pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelo Banco de Portugal (BdP). Não obstante, em 2015 trabalhou no gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia e também exerceu funções no GPEARI do Ministério das Finanças, até 2018. Posteriormente regressou ao BdP, e, em 2019, voltou ao Governo para ser assessora económica de António Costa, função que desempenhou até à passada quarta-feira.

Já João Paulo Catarino, atual secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, foi de abril a outubro de 2005 adjunto do secretário de Estado do Desenvolvimento Rural das Florestas e, posteriormente, presidente da Câmara de Proença-a-Nova pelo PS, mas no seu currículo conta ainda com passagens em entidades como o Instituto de Conservação da Natureza ou na Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa.

Por sua vez, Jorge Delgado, atual secretário de Estado da Mobilidade Urbana, até chegar ao Governo (foi secretário de Estado das Infraestruturas no primeiro e segundo Executivos de Costa) desempenhou funções em empresas públicas, tendo sido presidente do Conselho de Administração da STCP entre janeiro de 2016 e janeiro de 2018 e, posteriormente CEO e chairman do Metro do Porto, segundo consta na sua página de LinkedIn.

E do Ministério do Ambiente para a Agricultura, Maria do Céu Antunes foi presidente da Câmara Municipal de Abrantes durante nove anos, presidiu ao Conselho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, integrou Conselho Económico e Social e o Conselho das Comunidades e Regiões da Europa na Comissão Permanente para a Igualdade das Mulheres e dos Homens na Vida Local. Antes de ser ministra da Agricultura era, desde fevereiro de 2019, secretária e Estado do Desenvolvimento Regional.

Já Carla Alves – que foi escolhida para substituir Rui Martinho como secretário de Estado da Agricultura, mas que já se demitiu – exerceu funções em empresas públicas e esteve na direção Parque Biológico de Vinhais. Num percurso marcado por passagens em organizações e empresas do setor, desde 2000 estava no quadro técnico da Câmara Municipal de Vinhais, sendo, que entre 2005 e 2007, o presidente desta autarquia foi o seu marido, Américo Pereira, entretanto constituído arguido, estando acusado dos crimes de prevaricação, participação económica em negócio e de corrupção ativa.

De Costa Silva a Elvira Fortunato, os “fora da caixa”

Há ainda casos de atuais membros do Executivo que são independentes ou, apesar de serem militantes do PS, tiveram sempre uma carreira fora das hostes partidárias e apenas recentemente assumiram funções executivas. É o caso de Catarina Sarmento e Castro, atual ministra da Justiça. Filha do histórico socialista Osvaldo Castro, a jurista foi secretária de Estado de Recursos Humanos e Antigos Combatentes do Ministério da Defesa no anterior Governo, mas conta com o vasto currículo ligado ao setor da Justiça, tendo sido juíza no Tribunal Constitucional, membro do Conselho Consultivo da PGR ou vogal da Comissão Nacional de Proteção de Dados, apesar de todos estes cargos serem de eleição parlamentar, tal como constatou o Público.

À semelhança da ministra da Justiça também António Costa Silva é independente. O atual ministro da Economia e do Mar ficou conhecido por “pai do PRR” por ter sido escolhido para desenhar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Com uma longa carreira no setor privado, nomeadamente no setor petrolífero (era CEO da Partex), só neste Governo assumiu funções executivas. Também Rita Marques, ex-secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, era independente quando entrou no Governo, sendo que à semelhança de João Neves foi afastada por divergências com Costa Silva. Agora está envolta em polémica por ir exercer funções de administradora na The Fladgate Partnership, uma empresa à qual concedeu benefícios quando era governante.

Por sua vez, o secretário de Estado da Economia Pedro Cilínio, conta com anos de experiência no IAPMEI no apoio às empresas, enquanto Nuno Fazenda, secretário de Estado do Turismo, é deputado do PS desde 2019, mas antes foi assessor de Adolfo Mesquita Nunes, secretário de Estado do Turismo do Governo de coligação PSD/CDS.

Por outro lado, Pedro Adão e Silva, antes de assumir a pasta da Cultura, tinha sido escolhido pelo Governo de António Costa para liderar as comemorações dos 50 anos do 25.º de abril, no entanto, até então não tinha assumido funções executivas.

Outro dos casos de governantes independentes é o de Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que conta com um longo percurso académico e tendo recebido vários prémios na área de investigação, nomeadamente por ter inventado o transístor de papel.

Já Ana Abrunhosa até entrar para o Governo era presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-C), tendo sido responsável pela gestão da reconstrução das casas dos incêndios de 2017. A ministra da Coesão Territorial tem feito carreira na área dos fundos europeus e foi deputada municipal como independente em Meda, na lista do PSD.

Por outro lado, o ministro da Saúde Manuel Pizarro optou por escolher para seus secretários de Estado especialistas que não tinham até então funções governativas. Ricardo Mestre, secretário de Estado da Saúde tinha sido nomeado no final de junho do ano passado para o cargo de subdiretor-geral da Direção-Geral da Saúde, em regime de comissão de serviço, tendo ocupado outras funções ligadas ao setor.

Ao mesmo tempo, Margarida Tavares, secretária de Estado da Promoção da Saúde, era assistente graduada de infecciologia do Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar Universitário de São João e Coordenadora da Unidade de Doenças Infecciosas Emergentes do mesmo centro. Os dois secretários de Estado vieram substituir António Lacerda Sales (que ganhou relevância política quando entrou no Governo e chegou a ser apontado como possível substituto de Marta Temido) e Maria de Fátima Fonseca, que deixaram as respetivas funções governativas, na sequência da saída Temido.

Na Proteção Civil, Patrícia Gaspar, atual secretária de Estado da Proteção Civil, apesar de ser militante do PS e de ter sido secretária de Estado da Administração Interna no anterior Governo de Costa, tem uma longa carreira na Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Outro exemplo é o de Maria Fernanda Rodrigues, nova secretária de Estado da Habitação, que conta com um extenso currículo na área da Engenharia Civil e nunca esteve ligada à política

A LIBERDADE QUE O 25 DE ABRIL DEU A ESTA GENTALHA SEM ESCRUPULOS, POLITICOS DE UMA PROFISSÃO QUE NÃO EXISTE. UMA VERGONHA E UMA TRAIÇÃO AO PAÍS QUE DIZEM DEFENDER NA ASSEMBLEIA DA RÉPUBLICA.

FIM

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

O COLONO OCIDENTAL !!!!

🙈🙉🙊 Foi dada a independência aos territórios africanos, porque estava administrado pelo colono Branco, racista e explorador.

Após a independência, fogem dos seus Países para a terra do colono branco, racista e explorador e até desejam ter a nacionalidade do colono Branco

Na Terra do colono branco, racista e explorador é-lhes dado qualidade de vida e bem-estar que não têm nos seus Países, apesar de décadas de Independência. 

Apesar disso o colono branco é racista e explorador

Os que não conseguiram fugir dos seus Países Africanos o maior desejo é vir para a terra do colono branco, racista e explorador e conseguir a nacionalidade do branco


POSTO ISTO, ALGUEM ME EXPLICA SE ISTO É SADOMASOQUISMO, HIPOCRISIA, DESONESTIDADE INTELECTUAL OU BURRICE.