O novo ministro da Administração Interna é maçon há vários anos, do Grande Oriente Lusitano (GOL), tendo recentemente fundado a Loja Nunes de Almeida -assim baptizada em homenagem ao ex-presidente do Tribunal Constitucional. Antes, Rui Pereira pertencia á Loja Convergência, de que foi 'líder' Nunes de Almeida. Da Convergência fazem igualmente parte algumas figuras proeminentes do PS, como António Vitorio e Vitalino Canas (entretanto 'adormecidos', por não terem as quotas em dia). A morte de Nunes de Almeida abriu fracturas dentro da Convergência, que se acentuaram com a eleição de António Reis (ex-deputado do PS) para Grão-mestre do GOL, em Junho de 2005. Uma minoria de que fazia parte Rui Pereira apoiou então António Reis, contra uma maioria, onde se integrava o actual director do Expresso, Henrique Monteiro, que apoiou o arquitecto Luís Conceição. Da Convergência faz ainda parte Abel Pinheiro, antigo dirigente do CDS e desde 2005 arguido no processo Portucale (por suspeita de trafico de influências, que viabilizou o abate de sobreiros para um empreendimento turístico do BES). Rui Pereira acabaria por ser 'apanhado' neste caso: Abel Pinheiro foi confrontado pelos magistrados do processo com escutas telefónicas, em que surgia a discutir com Rui Pereira a substituição do então procurador-geral da República, Souto de Moura. Na conversa, Rui Pereira manifestava disponibilidade para ocupar o cargo, caso Sócrates conseguisse o acordo da oposição e do Presidente da República para demitir o PGR.
Dois votos no TC. Nessa altura, Rui Pereira presidia á Unidade de Missão para a Reforma Penal - responsavel pela reformulação dos códigos penal e de processo penal -, nomeado pelo ministro Alberto Costa, de quem é muito próximo. Tinha ja então um vasto currículo: advogado, professor e mestre em Direito pela Universidade de Lisboa, membro de varias comissões de reforma das leis penais, assessor dos juízes do Tribunal Constitucional, director do SIS e secretario de Estado da Administração Interna (nos Governos de Guterres). O seu nome surgiu como inevitavel quando, em Março, deste ano a Assembleia da República teve de indicar novos juízes para o Tribunal Constitucional (TC). Apesar de pouco agradado, o PSD não teve argumentos para vetar o seu nome, incluído na lista do PS. A expectativa dos socialistas era, porém, mais alta: que Rui Pereira fosse eleito vice-presidente do TC, o que lhe abriria as portas para, dentro de quatro anos e meio, ser presidente. O resultado da votação foi um balde de água fria: Gil Galvão foi eleito vice-presidente com 11 votos e Rui Pereira teve dois. +Entendeu-se que havia pessoas ha mais tempo no TC e qualificadas para os cargos;, explica uma fonte do tribunal. A sua saída, esta semana, para o Governo, causou perplexidade no TC, onde esteve 43 dias e assinou um acórdão (segundo a base de dados do tribunal). Já ministro, Rui Pereira desdramatizou: disse que o TC não ficara a perder com a sua saída e explicou que, por razões de dever público, não podia recusar o convite de Sócrates. As ligações á maçonaria, mas, sobretudo, a passagem pelo SIS e certas argumentações de Direito Penal, explicam os anticorpos que tem na magistratura. É favoravel, por exemplo, a que os serviços de informações possam fazer escutas telefónicas na luta contra o terrorismo e a criminalidade organizada. E é o 'pai' da lei de política criminal - que obriga o Ministério Público a obedecer a objectivos pré-definidos pelo Parlamento na investigação criminal. .... Bem!? - mas antes a Maçonaria no Governo do que a "Opus Dei ", digo eu.